Finanças Pessoais
REVENDO A PRÁTICA DA GESTÃO BRASILEIRA
O estilo de gestão varia de acordo com o país do mundo? Sim. A gestão é influenciada pelas ferramentas que usa e pela cultura na qual está inserida. Como os países possuem culturas diferentes e instrumental tecnológico diferente, é de se esperar que a prática de gerenciamento também o seja. Uma pesquisa recente da Hay Group com quase 100.000 gestores em centenas de organizações, consegue nos dar uma pista de que essa dedução está correta. Por ela, no Brasil, as práticas coercitivas possuem ocorrência de 59%, sendo a maior das seis pesquisadas. Para você ter uma ideia, na Alemanha é 16%, no Canadá é 20%, nos EUA é 24%, no Japão 27% e até na China é de 45%. Só perdemos para Índia com 63% e para o México com 62%. Ora, coerção na prática é pressionar ou compelir alguém a fazer algo pela intimidação ou ameaça, fazendo uso da autoridade que lhe foi atribuída. Significa dizer que os gestores brasileiros são autoritários na grande maioria das vezes. Também significa dizer que gestores de países desenvolvidos são menos coercitivos na sua atuação. Mas porque isso acontece? Para encontrarmos boas respostas talvez seja necessário examinar os dois lados da questão: O gestor e a equipe.
A grande maioria dos gestores brasileiros está em empresas de pequeno e médio porte, porque são elas que existem em maior número na economia. São gestores empíricos cuja necessidade foi a grande professora. Quando buscaram formação profissional o fizeram em função das exigências mas isso não é suficiente para mudar as práticas enraizadas no cotidiano. A ausência de planejamento empurra as situações para constantes urgências, com prazos reduzidos, muitas vezes vencidos até. A necessidade de resultados de curto prazo é constante. A desorganização formal prejudica o cumprimento de normas, procedimentos e protocolos. Em outras palavras, o que deve ser feito não está muito claro na cabeça das pessoas. Este cenário, é praticamente ideal para a coerção, deixando uma boa parte dos outros recursos gerenciais nas páginas dos livros e longe da realidade. Por outro lado, a maioria das equipes tem mais características de grupo. Os objetivos, os papéis e as regras também não estão muito claros. As pessoas até se ajudam, porém muito mais em função das afinidades. Não foram educadas para o trabalho, não foram treinadas para a função, não foram desenvolvidas para o cargo. As lideranças as traem constantemente, minando a confiança necessária para a coesão. Consequentemente, esta maioria não funciona bem. Gera muito retrabalho, pouca qualidade e opera numa produtividade baixa. Estão sempre no começo da curva de aprendizado. Equipes assim, são um campo fértil para chefes autoritários.
O autoritarismo brasileiro tão saliente neste campo talvez seja então mais uma consequência do que uma causa. Talvez os gestores daqui sejam autoritários porque precisem ser, e não porque possuem uma natureza deste tipo. Ou talvez pensem que se não for assim as coisas não andem, ou se achem mais importantes sendo temidos do que respeitados. Em todo caso, a organização é o principal antídoto para inibir estas práticas. Desenvolver as organizações instituídas, é com certeza o grande desafio que o Brasil precisa superar para tornar-se uma nação evoluída. Tanto no país quanto nas empresas, isso significa investimento. Investimento nas pessoas e nos processos. Ou seja, Educação e Treinamento. Somente alocando recursos nestas atividades, poderemos alcançar indicadores melhores tanto na gestão como no desenvolvimento. Porque, quanto menos habilidades e competências um gestor possui, mais propenso a resolver as coisas no grito ele será.
Artigo publicado no site da e-Gerencial, escola de gestão.
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