- Mas onde é que tu vais buscar tanta energia??? - perguntou o maridão. Olhei para o relógio. 1h da manhã. E eu sem sono, sem cansaço, sem irritação, e mais importante ainda... SEM DORES!
- Deve ser de ter retirado o trigo da minha alimentação - respondo-lhe eu. Se quando aceitei tentar esta restrição, a coisa parecia improvável, agora parece cada vez mais certa: o trigo da minha alimentação estava a transformar-me noutra pessoa. Alguém mais irritável, sem paciência, cheia de imposições pelo corpo e pela falta de energia. Alguém que não era eu. Definitivamente.
Desde que me lembro de ser gente, eu sempre tive uma disposição alegre, brincalhona, amigável. Cantar, rir às gargalhadas e dançar eram hábitos diários. Se passasse um dia sem dizer "piu", logo havia quem me perguntasse se estava doente, tal era a estranheza do facto em mim.
E dançar, dançar era pegar no meu pai pelos braços e valsar o "Danúbio Azul" do princípio ao fim! 11 minutos e 30 segundos, sem parar, sempre a valsar, sempre com alegria!
Depois, ao longo do fim da adolescência, fui sofrendo uma transformação gradual. Não perdi a minha forma alegre de estar na vida, mas passei aos poucos a limitar-me com "não possos" e "não devos" devido às consequências sofridas depois de esforçar o corpo. As dores no corpo todo.
Fazer viagens passou a ser um real martírio. Chegar ao destino era uma tortura, que me obrigava a ficar deitada por horas (às vezes 10 e 12 horas) até deixar de sentir no corpo os efeitos da viagem.
Entretanto, vieram as consultas médicas, as tentativas de acertar com uma medicação que controlasse as dores, mas junto com a medicação vieram os efeitos secundários: secura da boca e dos olhos, dificuldade de concentração, sono pouco restaurador, inchaço das mãos e dos pés, inflamações do couro cabeludo, eu sei lá!, tanta coisa tão diversa e desconexa que nunca imaginei que poderia alguma vez voltar a ser a pessoa que fui antes.
Mas acreditem ou não, encontrei-me de novo!
Danço de cada vez que me apetece, sem consequências, não há dores a assombrar as minhas escolhas! Canto, rio à gargalhada, passeio com o maridão à noite, depois do trabalho (pelas 22h30 ou às vezes mais tarde) sem ter de lhe pedir que voltemos para casa porque me dói isto ou aquilo... ahhhh!... que bem que sabe poder ler um livro deitada na praia de barriga para baixo sem ter dores na coluna, nos ombros e braços!... (5 minutos era o máximo que eu aguentava...)
Desconfiada se poderia ser apenas um efeito placebo da coisa, por sugestão da leitura que fiz, que apontava os resultados felizes em fibromiálgicos com a retirada do trigo, fiz análises, a pedido da médica de família.
Antes, tinha sempre colesterol a 240, 250 (quando o normal é abaixo dos 200), tinha valores hepáticos alterados, uma anemia teimosa que me acompanhava desde pequena (ia e vinha, mas estava sempre por cá). A proteína C - reactiva sempre acusava uma qualquer inflamação, mesmo quando me sentia mais ou menos bem.
Agora?...
Ao fim de 20 dias sem trigo, o colesterol já ia nos 215, os valores hepáticos normalizados, não tinha evidências de inflamação pela proteína C-reactiva, a anemia era inexistente.
A Dra incentivou-me a continuar, disse que conhecia bem os resultados positivos que a retirada do trigo podia ter na saúde dos fibromiálgicos e que só não aconselhava este tipo de iniciativas nas consultas por causa do meio em que está inserida, que os colegas da área são muito cépticos e desaconselham a que se indique este tipo de "tratamentos" (está mal, eu também acho mas também compreendo. Eu julguei que ao relatar a minha aventura iria ser apelidada de "maluca" ou "fanática" pela minha Dra, mas felizmente, ela foi impecável!)
Só posso dizer-vos: reencontrei a Ariana de antes! A alegre, risonha, brincalhona, às vezes destravada e de energia "inesgotável", aquela por quem o meu maridão se apaixonou!... E que ele reconhece agora novamente, a cada dia que passa!
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