EMPRESAS DURÁVEIS SEGUNDO BUFFETT
Finanças Pessoais

EMPRESAS DURÁVEIS SEGUNDO BUFFETT



Warren Buffet virou um ícone no mercado financeiro não só pela fortuna que acumulou, mas também pelos seus ensinamentos. Sua ex-nora Mary Buffet e David Clark, um especialista em seus métodos e autor de vários livros no assunto, produziram uma pequena obra sobra análise de balanços que comprei num aeroporto recentemente.

Diz o ditado que os melhores perfumes estão nos menores frascos. Com linguagem direta e resumida, o livro enquadra-se nisto. O objetivo do texto é identificar vantagem competitiva durável de empresas, através da análise de seus demonstrativos contábeis-financeiros nesta ordem: Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), Balanço Patrimonial e Fluxo de Caixa.

As empresas nesta situação são aquelas que se beneficiam durante muito tempo desta vantagem, gerando lucros estáveis e crescentes. Elas podem vender um produto ou serviço exclusivo e com ações de marketing bem estruturadas conquistaram um espaço na mente do consumidor. Isso possibilita bons preços e altas margens. Ou podem ser empresas que compram e vendem a baixo custo produtos que o público sempre precisa.

No DRE devemos buscar basicamente a capacidade da empresa gerar lucro. Isso é mais importante do que o próprio lucro. As receitas devem ser observadas pela sua evolução e composição mas sozinhas podem informar pouco. O custo dos produtos/mercadorias vendidas ou serviços prestados, é o que a empresa gasta para produzir. Podemos também ver a composição e evolução, mas também sozinho pode contribuir muito pouco. Se não estiver explícito podemos obtê-lo somando estoques iniciais com as compras e subtraindo do estoques finais em um determinado período. Contrapondo receita líquida com os custos, temos a margem bruta de lucro. Empresas com margem a partir de 40% ao longo do tempo, tendem a ter vantagem competitiva durável.

Em seguida temos as despesas operacionais, que podem concentrar comerciais e administrativas por exemplo. Quanto mais baixas forem melhor. Percentuais de até 30% sobre o lucro bruto são considerados excelentes, mas existem casos que podem ir ocasionalmente até 80% desde que aí não permaneçam. As altas despesas com pesquisa e desenvolvimento indicam que as empresas precisam investir nisso para manter-se no mercado, e que não possuem uma vantagem competitiva durável estabelecida. Talvez não sejam seguras.

A depreciação deve ser considerada, mesmo que não represente um desembolso. As empresas ideais possuem baixas taxas de 6% a 8% do lucro bruto. Já as despesas com juros que refletem o endividamento da empresa, devem estar num patamar de até 15% do lucro operacional, apesar de variar de setor para setor. Os ganhos de capital, ou seja, com vendas de ativos não devem ser considerados pois não refletem atividade típica da operação da empresa.

O lucro antes dos impostos é um indicador importante para Buffett, seria o nosso LAIR. É este lucro que indica a sólida vantagem competitiva que a empresa possui. É preciso identificar tendência de alta ao longo do tempo. O pagamento correto do imposto deve ser considerado e avaliado, pois se a empresa precisa sonegar para manter sua operação, certamente não possui o que estamos procurando. Lucros líquidos acima de 20% indicam empresas com grandes possibilidades de possuírem vantagens competitivas duráveis. Entre 10% e 20% estão numa faixa a ser examinada. Abaixo de 10%, pouca probabilidade.

Já o lucro por ação, que reflete o luliq dividido pelo números de ações negociadas, pode ser afetado pela recompra. Se este indicador apresenta tendência de alta perene, podemos estar diante da empresa desejada.

No Balanço Patrimonial, normalmente examina-se a composição e proporção dos ativos (circulante e permanente) e como se comporta o ciclo do caixa (compras-estoques-contas a receber-caixa). Saldos de caixa e investimentos de curto prazo altos, podem indicar bons lucros por muito tempo ou vendas de ativos recentes. Só nos interessa o primeiro caso, pois assim a empresa está preparada para tempos difíceis. É preciso no entanto saber a que taxa este capital está sendo remunerado, comparando com outras alternativas.

O estoque que reflete produtos acabados, em transformação e matérias primas, deve ser crescente, juntamente com vendas e lucro líquido. As retrações indicam sinal negativo para o que queremos. Para o contas a receber, deve-se verificar a proporção sobre vendas. Se for constantemente baixa, é o ideal. Para Buffett, a antecipação de despesas oferece poucas informações para sabermos se uma empresa tem ou não vantagem competitiva durável.

O ativo imobilizado de empresas com vantagens competitivas duráveis não precisa ser renovado com freqüência, pois seu produto é estável. Altas e crescentes somas nesta conta não é um bom indicador. As participações de outras empresas merecem exame sob a mesma ótica. Já os ativos intangíveis merecem especial atenção porque nem sempre estão valorizados no balanço conforme seu real valor. Para Buffett, retorno sobre ativo total muito alto por si só, não indica necessariamente que a companhia está na condição desejada.

Já o passivo que indica as origens de recursos, na verdade informa a proporção de capital próprio e de terceiros no patrimônio, além da proporção entre curto e longo prazos. Aqui vale a regra de ter maior endividamento onde as taxas forem menores, mas montantes de longo prazo altos, não são bons para quem procura empresas para o longo prazo. A empresa que procuramos financia suas operações com o próprio lucro e não possui altos índices de endividamento. Logo, a proporção entre capital próprio e de terceiros deve ser de 80% para cima.

Para a conta de lucros acumulados o ideal é que seja crescente ao longo dos anos. Buffett acredita que quanto mais lucros retiver melhor. As ações recompradas ele prefere que fiquem em tesouraria. O retorno sobre o patrimônio líquido alto, indica sinal verde. Empresas alavancadas devem ser evitadas.

No fluxo de caixa, que indica a movimentação de dinheiro que realmente entra e sai da empresa, buscamos saldos positivos crescentes e constantes. Empresas que usam 50% ou menos de seu lucro liquido anual em despesas com ativos fixos, possuem boa probabilidade de possuírem o que buscamos. Se gastam 25% ou menos, certamente possuem.



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