FINANCIAMENTO DAS OPERAÇÕES
Finanças Pessoais

FINANCIAMENTO DAS OPERAÇÕES





A ida para a business school do IESE em Barcelona não foi somente um passeio numa bela cidade da Europa que reúne história e animação. Nem tão pouco foi uma simples visita a uma instituição de primeiro mundo, com instalações extraordinárias e confortáveis, com professores muito bem preparados. Foi sobretudo a consolidação de conceitos financeiros que ao longo dos anos de carreira e de estudo, foram se descortinando e permanecendo na prática e teoria da gestão.

Uma delas é bastante interessante e encontra paralelo aqui no Brasil. Trata-se da necessidade de financiamento para empresas em crescimento e os indicadores relacionados com isso: O NOF e o FM. Toda empresa precisa de capital para financiar suas operações. Este capital pode vir de três fontes distintas. De fornecedores através do prazo de pagamento que concedem, dos bancos através de empréstimos e dos sócios, via reinvestimento dos lucros ou de integralizações dos sócios. Ou seja, capital de terceiros e capital próprio. Vamos considerar que a emissão de ações e debentures, destinam para grandes projetos de expensão e não para o financiamento operacional, e que a sonegação fiscal praticada por algumas instituições, não é uma alternativa técnica e moralmente aceitável. 

Pois bem, para iniciar e manter uma curva de crescimento em suas vendas, é necessário capital. Isso porque as vendas necessitam de investimento para se realizarem. Ela é um processo que normalmente primeiro você investe para depois receber. Existem formas e mercados onde isso é atenuado, mas não muda a regra geral. Quanto maior esse crescimento, maior a necessidade de financiamento porque serão necessários mais custos, mais despesas e maior investimento em ativos para realizá-las. Não existe mágica.

Para saber qual a sua necessidade de financiamento, através de Eduardo Martinez, o IESE ensina que devemos relacionar as necessidades operacionais de fundos (NOF) e o fundo de manobra (FM). De uma maneira simplificada o NOF significa os recursos necessários para financiar as operações de uma empresa e pode ser obtido somando-se o saldo de caixa mínimo, o saldo das contas a receber com os estoques subtraídos do saldo de contas a pagar. Como é melhor que o caixa mínimo tenda a zero, podemos traduzir o NOF como contas a receber + estoques - contas a pagar. Já o FM é o capital de longo prazo necessário para financiar o NOF. Em outras palavras, este fundo de manobra (FM) é o capital próprio somado ao exigível de longo prazo para financiar o ativo permanente (e tb o imobilizado). Ele pode ser obtido exatamente com esta relação: FM = Patrimônio Líquido + Exigível de Longo Prazo - (Ativo Permanente+Realizável de Longo Prazo). A conta fecha da seguinte maneira:  Caixa + NOF = Crédito + FM. 

A contraposição do NOF com o FM, resulta na necessidade de crédito bancário, para financiar as suas operações. Se o resultado dessa relaçāo for positivo a empresa não precisa de financiamento, no entanto se for negativo este resultado indica o montante de recursos financeiros que devem ser obtidos nos bancos para financiar a empresa. Este indicador é de grande validade para as empresas de serviços, de comércio  ou industriais porque todas elas em algum momento de suas vidas vão experimentar curvas de crescimento e precisar de fundos para isso. É importante lembrar que a margem de lucro sozinha não é suficiente para financiar um crescimento com uma taxa maior que esta margem, e que em todo mundo existe uma tendência de redução das mesmas. Outro ponto para registro é a situação que em algum momento, as empresas perderão vendas ou estabilizarão seu volume de receitas. Neste caso, o que acontece é um impacto do endividamento anterior onerando as contas da empresa, como uma espécie de ressaca financeira. 

No Brasil podemos trabalhar com os mesmo conceitos. É possível relacionar diretamente o NOF com a NGC (necessidade de capital de giro) e o fundo de manobra (FM) com capital circulante liquido (CCL) cujo resultado da contra posição também é conhecido como Saldo em Tesouraria, nem sempre considerado pelos gestores financeiros para este fim. Bem, agora é fazer as contas definir o seu projeto de crescimento e negociar com os bancos uma taxa menor do que o retorno que você consegue sobre seus ativos.



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