Finanças Pessoais
JUROS ALTOS EXIGEM MAIS EFICIÊNCIA
A recente elevação da taxa básica de juros para o patamar de 8,50% e a perspectiva de chegar ao final do ano numa faixa entre 9,25% e 9,50%, nos provoca para uma reflexão oportuna sobre as consequências desse componente econômico na estratégia de gestão financeira das empresas que atuam no mercado nacional.
A grosso modo, juro em alta significa elevação no preço do dinheiro, e uma das consequências é que a capitação de recursos de terceiros nos bancos fica mais cara. Isso aumenta o custo médio ponderado de capital das empresas, sendo a intensidade desse aumento diretamente proporcional à participação dessa fonte de recursos na estrutura de financiamento da instituição. Significa dizer que para umas o impacto será menor e para outras será maior, mas independentemente do tamanho, ele existirá. O custo médio ponderado de capital é também a taxa de desconto utilizada para encontrar o valor atual das empresas e quanto mais ele subir, menor será o valor das empresas que mantiverem o mesmo nível de fluxos de caixa. O mesmo efeito ocorrerá em relação aos investimentos de capital. Para compensar, as empresas terão de aumentar os retornos de seus projetos e operações, aumentando o montante investido ou aumentando a eficiência em gerá-los. A alta dos juros impacta ainda na geração de riqueza para os acionistas ou proprietários. Isso porque quanto maior for o custo de capital impactado pelos juros, maior terá de ser o retorno sobre seus ativos totais, para que o valor econômico agregado seja mantido. Do contrário, ela estará perdendo valor e comprometendo sua sustentabilidade no longo prazo, além de gerar menos riqueza para seus investidores. Mais uma vez, a eficiência da alocação de capital e o aumento da margem de lucro entrarão em cena.
Para melhorar a eficiência dos seus ativos, melhorando com isso o seu giro, as empresas poderão considerar a otimização do contas a receber, revendo políticas de crédito e cobrança, sem com isso comprometer as vendas. Poderão otimizar também seus estoques se possível reduzindo-os e para isso terão que vender mais. E também devem considerar o enxugamento do imobilizado. Na operação, terão que subir receitas e para isso contribuem o aumento das quantidades vendidas e o aumento do preço. É importante salientar que para manter o status quo financeiro, algumas empresas podem cair na tentação de aumentar preços. A depender do mercado em que operam e da posição estratégica que ocupam nele, isso é possível e contribuiria com a inflação que o governos deseja evitar com a alta da Selic. Ainda com o objetivo de manter a margem de lucro, as empresas poderão descer custos e despesas, o que na prática possui um efeito social relevante, reduzindo o pleno emprego da economia. Uma outra alternativa para manter o lucro, seria melhorar a produtividade operacional, porém isso requer investimentos e não apresenta retornos no curto prazo, sendo adequado para aquelas que possuem reservas para isso.
Se a maioria das empresas for bem sucedida na reação adequada e este novo elemento do cenário econômico, a alta dos juros torna-se apenas um paliativo mal pensado para conter a inflação. Ela acaba obtendo resultados iniciais satisfatórios por causa da redução do consumo mas em seguida pode deflagrar outras consequências negativas e até alimentar o próprio dragão que se deseja reduzir. Ao fazer uso deste dispositivo, o governo na verdade transfere para as empresas uma necessidade maior de eficiência operacional e financeira. Uma eficiência que ele mesmo não demonstra.
Artigo publicado no site da ANEFAC/SP
http://www.anefac.com.br/paginas.aspx?ID=548
loading...
-
5 Providencias Úteis Em Tempos De Juros Altos
O Banco Central do Brasil anunciou a nova taxa básica de juros da economia, a conhecida Selic. Com patamar de 14,25%, somos campeões mundiais neste quesito. Melhor que fosse em prosperidade empresarial e pessoal. Juros altos na economia possuem...
-
Simplificando O Famoso Capital De Giro
Uma das maiores dificuldades da atividade empresarial, é lidar com o capital de giro. Existem motivos para isso. Ele é muito dinâmico, volátil, altera-se a cada dia e a cada operação que é realizada e é sistêmico. Se você perguntar para dez...
-
O VilÃo Por TrÁs Dos Juros
Não, os juros não são os vilões da nossa vida. Eles são um preço de mercado como qualquer outro. Mas assim como a gasolina e a energia elétrica, eles são utilizados pelo governo federal segundo os próprios interesses. Recentemente, a taxa básica...
-
As TrÊs DecisÕes Das FinanÇas Corporativas
O mestre Damodaran, ensina que as decisões que a proprietária de uma pequena livraria e o CEO da Boeing são praticamente as mesmas. Ambos querem continuar e prosperar em seus negócios. Se você toma conta de uma empresa, seja ela uma industria, comércio...
-
A FÓrmula Dupont De Tung
Pensar no lucro como a única medida para o desempenho empresarial, pode não ser a melhor conduta de um administrador financeiro. Mais do que aumentar a lucratividade das operações, ele precisa relacionar isso com o volume de investimentos feitos...
Finanças Pessoais