Poupar a pensar no futuro dos filhos é uma preocupação comum da maioria das famílias portuguesas. Esta é uma tarefa mais complicada tendo em conta o orçamento mais asfixiado, mas agora poderá ser a altura ideal para juntar um pé-de-meia se já recebeu ou vai receber o subsídio de férias.
A verdade é que nem sempre é fácil escolher a melhor solução para rentabilizar o dinheiro. Pelo menos, é este o alerta feito pela Associação de Defesa do Consumidor (Deco): “Analisámos as propostas dos bancos e visitámos alguns balcões. Concluímos que as contas poupança para crianças e jovens têm um rendimento pouco interessante, inferior ao das melhores contas de depósito dirigidas a adultos.” A associação acrescenta ainda que, quando visitaram os balcões das instituições financeiras, “foram quase unânimes em aconselhar depósitos a prazo, mesmo não sendo a melhor opção para todas as idades. Pior foi a taxa anual líquida apresentada: 2%”.
No entanto, antes de seleccionar os produtos financeiros analise a oferta existente no mercado e tenha em conta alguns critérios, como a idade das crianças (ver caixas ao lado).
Oferta Segundo a ronda feita pela Deco, os depósitos a prazo eram os instrumentos eleitos pelos bancos. “Dos 20 preçários que analisámos, 13 apresentavam produtos para crianças ou jovens. As propostas vão desde contas à ordem ou a prazo até seguros de capitalização ou planos mutualistas. O problema é que nenhum dos produtos proporciona, no primeiro ano, um rendimento superior ao dos melhores depósitos tradicionais a 12 meses.”
Mesmo assim, a associação elege o Montepio e o Banco Popular por terem as melhores propostas para os menores ao oferecerem uma taxa de juro líquida de 2,2%. Já os melhores depósitos tradicionais chegam aos 3% de rendimento líquido. Apesar da remuneração pouco atractiva, a Deco lembra que a “única vantagem das contas para jovens é permitirem entregas regulares de baixo valor: útil como destino do dinheiro que as crianças recebem de familiares”. Por isso mesmo, os depósitos a prazo nem sempre são a melhor opção, sobretudo quando falta muito para o filho completar 18 anos.
Oferta Para seleccionar o melhor produto de poupança deve ter em conta três factores: a idade da criança ou jovem na data da contratação; se pretende ou não aceder ao dinheiro a qualquer momento; e qual o risco que os pais estão dispostos a correr. Isso significa que, para os mais novos, o potencial de rendimento é superior quando se investe em produtos de longo prazo. “Embora envolvam algum risco, por incluírem acções, como o prazo é longo, dá tempo para recuperar eventuais perdas”, lembra a Deco. Por isso mesmo, é aconselhado o investimento em fundos mistos porque aplicam de uma forma diversificada o dinheiro em acções e obrigações. Segundo a percentagem aplicada em acções, pode optar por fundos defensivos (30%), neutros (entre 30% e 50%) ou agressivos (mais de 50%). Ou seja, “quanto maior a percentagem daquelas, maior o rendimento potencial e o risco”.
Já entre os 11 e os 18 anos o factor “risco” deve ser considerado. Perto dos 11 anos, quem estiver disposto a arriscar um pouco para, em troca, obter um rendimento superior, pode apostar em fundos mistos defensivos. Os produtos sem qualquer risco têm um rendimento mais baixo, como os depósitos a prazo e os Certificados de Aforro. Mas têm uma vantagem: “Tem sempre o dinheiro disponível e, à partida, pode fazer reforços quando quiser. São mais indicados para quem pode precisar do dinheiro em qualquer momento.” Desta forma, as Obrigações do Tesouro são um produto de baixo risco, mas só interessam a quem não faz questão de ter o dinheiro disponível a curto prazo e não pretende fazer reforços de capital. “Trata-se de uma poupança de médio e longo prazo (3 a 10 anos), com um rendimento superior ao dos depósitos e certificados. Para estes prazos, pode atingir os 4,2% líquidos”, refere a associação.
“Um investidor mais cuidadoso, mas que queira garantir um bom rendimento, deve diversificar e combinar vários produtos. Ou seja, abrir um depósito a prazo para garantir alguma liquidez, comprar Obrigações do Tesouro para aumentar o rendimento com segurança e investir num fundo misto, para rentabilizar melhor o dinheiro”, conclui a Deco.
in ionline.pt