Finanças Pessoais
REPENSANDO O ENDIVIDAMENTO PARA PEQUENAS EMPRESAS
A cultura financeira da maioria dos empresários brasileiros, faz eles fugirem do endividamento. Predominantemente, preferem usar o próprio dinheiro. Tratado com essa terminologia, o uso do capital de terceiros realmente assume uma conotação pejorativa, afinal ninguém deseja se ver atolado em dívidas. Todavia, este capital cumpre um importante papel de alavancar as empresas, fazendo-as alcançar patamares impossíveis se não estivesse presente. Talvez o empresário ache que seja mais caro tirar um empréstimo, até bem porque o custo desse dinheiro vem estampado no contrato e é uma das primeiras perguntas que se faz: Quanto é o juros? Talvez apenas repetindo uma frase mas sem entender direito como isso afeta a sua estrutura de capital, muitos pechincham, muitos reclamam e sempre acham caro qualquer que seja a taxa negociada. Mas será que eles fazem a mesma pergunta para o custo do próprio capital que está investido no negócio? Creio que não.
A aversão ao capital de terceiros está mais presente exatamente onde causa mais danos: Nas menores empresas. São elas que mais precisam de recursos financeiros para crescerem além do que as suas margens de lucro podem financiar. Mas são elas que menos entendem como fazer este capital funcionar a seu favor. De certa maneira, isso atrasa a economia que poderia crescer muito mais, oferecendo mais serviços e produtos, gerando mais renda e riqueza. As pessoas físicas brasileiras já usam o crédito de maneira mais arrojada. O Banco Central divulgou recentemente que 45% das famílias usam o crédito para expandir o seu consumo, mas será que as micro, pequenas e médias empresas brasileiras usam bem o capital de terceiros para expandir os seus negócios e rentabilidade? Novamente creio que não. Mas é sempre bom lembrar, que o empresário foge do endividamento também por causa da instabilidade jurídica e econômica causada pelos governos. Este é mais outro problema nacional que precisa ser resolvido e que também trava a economia.
Mesmo sem usar complexos modelos matemáticos, com suas fórmulas e seus números as vezes difíceis de entender, é possível perceber que o capital próprio é mais caro do que o de terceiros. Então ele deveria ser mais utilizado, logicamente dentro de alguns limites. Se olharmos do ponto de vista da formação de riqueza, no qual a maximização está sempre presente no hall de objetivos, preservar o próprio capital e somar a ele um montante de capital de terceiros que possibilite um maior retorno, é um bom negócio. Se olharmos do ponto de vista do risco também. Pois o capital de terceiros convive com um risco muito menor que o capital próprio, que arca com ele em sua maior parte. Significa dizer que se um banco aceita colocar dinheiro em uma empresa ao custo de 14%aa, por exemplo, o proprietário só deveria concordar em colocar o seu dinheiro nela por uma taxa certamente maior, porque o risco do negócio é todo dele. As grandes empresas talvez façam esta conta, mas certamente as menores empresas poucas vezes fazem e com isso, carregam sozinhas o ônus de financiar a sua existência nem sempre tranquila.
Artigo de minha autoria publicado originalmente no site da ANEFAC
http://www.anefac.com.br/paginas.aspx?ID=634
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