REFLETINDO SOBRE FINANÇAS
Finanças Pessoais

REFLETINDO SOBRE FINANÇAS



 

Quando um prêmio nobel fala uma coisa, é preciso dar alguma atenção a este conteúdo. Afinal, quem recebe um prêmio desta magnitude deve ter algo a acrescentar em nossos conceitos de pensamentos. O americano Robert Shiller, foi contemplado com este prêmio no ano de 2013 pela sua contribuição nas áreas de Economia e Finanças. Uma de suas obras chama a atenção pelo aparente paradoxo sob a ótica dos menos informados sobre o assunto, quando traz em seu título a expressão " Finanças para uma boa Sociedade". Essa aparente incongruência ganha mais peso quando lemos o comentário acerca deste mesmo livro que afirma: "As finanças são uma das ferramentas mais poderosas de que a sociedade dispõe para resolver os problemas comuns e para aumentar o bem-estar social". Somos acostumados a pensar exatamente o contrário. Ensinam-nos que as finanças traduzem atividades típicas da usura e até da enganação aos menos informados. Ledo engano.

Mas a conceituação de finanças não resvala somente no aspecto pessoal. Ela possui um desdobramento social. Quando sabemos pela imprensa que em 2014 teremos no Brasil mais de 17.000 novos milionários, enquanto que 50 milhões de brasileiros são beneficiados pelo bolsa família e que desta forma estariam incluídos numa condição de carência financeira, poderíamos finalmente perguntar: Qual é o papel das Finanças neste cenário? Como especificamente as Finanças podem contribuir para uma sociedade melhor? Perguntas deste tipo exigem respostas estruturadas nem sempre curtas, no entanto, creio que elas começam pela compreensão do papel de cada ramo de conhecimento relacionados ao tema, e das diferenças entre eles. Podemos começar identificando as distinções entre Economia, Finanças e Contabilidade, e depois chegar no ponto que interessa. Finalmente, o que é Finanças?

A Economia parece ser a área de conhecimento que incide nas transações entre pessoas, grupos, organizações e países. Estas transações podem não necessariamente incluir dinheiro, pois quando duas pessoas no continente africano fazem uma troca entre uma cabra e cereais, este fato seria objeto de estudo da Economia, da mesma maneira que uma compra e venda de ações na Bolsa de São Paulo. Lembrando dos cálculos típicos, dos objetos de estudo, das hipóteses, parece que o verbo da Economia é equacionar. Mesmo enxergando e abordando os efeitos destas transações nas partes que as realizam, a Economia tem uma vocação de equilíbrio, de abordagem abrangente e sistêmica, de uma visão equidistante, mesmo quando aborda o crescimento, ou quando conhecemos as suas linhas de pensamento. A Economia debruça-se sobre o passado, o presente e o futuro.

A Contabilidade concentra-se em registrar conforme princípios regularmente aceitos e legislação específica, as operações econômico financeiras de uma instituição ou de uma nação organizada. Neste contexto, o verbo que parece definir esta área é informar. Informar de maneira estruturada, as operações ocorridas. Sendo assim, ela aborda prioritariamente o passado recente ou não. Muitos a entendem somente como uma ferramenta fiscal, utilizada pelos governos para recolher seus tributos, porém isso é um grande erro. A Contabilidade é um importante recurso de controle interno e de planejamento, pois somente é possível fazê-lo com dados consistentes. Ela possibilita a análise que determina linhas de ação. Um país sem contabilidade ou uma empresa sem contabilidade, estão mais suscetíveis aos danos ao seu patrimônio. Não há dúvidas que a Contabilidade ajuda a preservar a propriedade.

Já em Finanças, o verbo parece ser maximizar. Esta atividade, refere-se à gestão dos ativos sejam financeiros ou não, dos investimentos e financiamentos, buscando maior rentabilidade, liquidez e segurança, seja para pessoas, organizações ou estados nacionais. Ela usa ferramentas matemáticas, conceitos econômicos, informações contábeis e práticas de gestão, para alcançar os seus objetivos. As Finanças apresentam uma clara vocação para obter melhores resultados, do ponto de vista do seu usuário ou da organização que a utiliza. E por isso, a atividade financeira é essencialmente uma atividade prática. Quando uma pessoa busca modificar seus hábitos para conseguir pagar suas contas, está praticando Finanças. Quando uma empresa está buscando melhorar sua lucratividade e liquidez, também. E quando um ente público, busca equilibrar seu orçamento, melhorar sua arrecadação ou controlar seus gastos, também. Sobretudo, quando falamos de Finanças, estamos falando da “tangibilização” das coisas através de números monetários, que chamamos comumente de dinheiro. Apesar de alguns acharem que é uma arte, uma ciência ou uma habilidade, trata-se de um conjunto de técnicas e conhecimentos, que favorecem o bom resultado.

Sendo as Finanças essencialmente a atividade de maximizar resultados, ainda nos resta responder como elas podem contribuir para uma sociedade melhor. Pois bem, utilizando seus recursos, as Finanças se propõem a produzir riqueza. Isso se deve pelo fato de buscar sempre que os retornos sobre as aplicações de capital, sejam maiores que os custos. Isso significa eficiência. Considerando que riqueza é uma condição na qual as restrições são diminuídas, onde há disponibilidade suficiente para atender as necessidades, e não necessariamente a abundancia material ou o volume do estoque patrimonial, as finanças são realmente o instrumento adequado para uma pessoa, uma organização ou um estado, alcançarem esta condição. E neste contexto, logicamente sociedades, instituições e pessoas ricas são melhores que o contrário. O fato é que Finanças são úteis para todos os níveis de riqueza, inclusive para a falta dela.

Em nossas atividades cotidianas, eu e você podemos fazer uso do conhecimento financeiro assim como um empresário, um professor, um estudante, um aposentado, um profissional liberal ou um governante, seja de qual tamanho for. Uma grande corporação pode fazer uso das mesmas ferramentas que buscam melhorar a sua rentabilidade, assim como um pequeno negócio numa esquina de uma grande cidade também pode usufruir destes benefícios. Ora, sendo um instrumento que toda sociedade pode dispor dele em maior ou menor escala, as Finanças podem ajudar a sociedade como um todo a gerar riqueza independente da capacidade de acúmulo de cada um. Elas contribuem para que esta sociedade possa ter sua condição financeira melhorada e com isso ter acesso a melhores padrões de vida.

Porém, note que produzir riqueza não é mesma coisa do que produzir ricos, por mais parecido que possa parecer. Uma coisa é concentrar-se em tornar uma operação rentável e a outra é o tamanho do estoque de valor decorrente disto. Muitas abordagens políticas se equivocam exatamente nisso. Esta é uma questão muito interessante, pois a riqueza é relativa. O fato do Brasil produzir milhares de milionários, não significa exatamente que ele esteja produzindo riqueza, pois em sua concepção mais ampla, ela implica numa certa dimensão social. Um milionário no meio de 3.000 miseráveis, talvez não seja tão milionário assim. Um rico aqui pode não ser tão rico em Nova York. Mas a dimensão relativa do produto final de Finanças, não diminui uma de suas mais valiosas características. O fato de que trata-se de uma alavanca que fundamenta-se na eficiência, na produção e com isso, na geração de desenvolvimento, promovendo a distribuição de riqueza pelo caminho democrático do mercado, e não pela mão imperfeita e totalitária da intervenção.

Não é difícil perceber que as Finanças conseguem proporcionar condições efetivas para que a sociedade humana consiga melhores patamares e assim a afirmação de Robert Schiller não está incorreta. Difícil é percorrer o caminho até lá. Finanças melhores, decorrem em pessoas melhores, famílias melhores, empresas melhores, estados melhores, nações melhores e sociedades melhores. O impossível é limitação apenas para os acomodados.



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