Finanças Pessoais
O VALOR DO SEU NEGÓCIO
Quanto vale uma empresa ? Quanto vale o empreendimento de uma vida ? Qual o valor da marca, do know how e da carteira de clientes ? Se alguém quer comprar o seu negócio, quanto pedir ? Se você vai entrar de sócio em um projeto, com quanto você deve entrar? Se você está vendendo cotas, por quanto deve ofertar? Se uma empresa vai comprar outra, como chegar no valor da incorporacão? Todas estas perguntas acompanham diariamente empreendedores do mundo inteiro. Muitas vezes, eles fazem seus negócios sem referências imparciais e concretas sobre o assunto.
O valor de uma empresa, assim como o valor de qualquer ítem em uma economia de mercado, sofre influências subjetivas. Desejando maximizar ganhos, o vendedor tende a majorá-lo e com o mesmo objetivo, o comprador tende a minimizá-lo. O volume da oferta e da procura também impactam na formação do valor. Desta feita, um item muito desejado tende a aumentar seu valor e vice versa. Para as empresas, este fator tem menor peso do que o primeiro, porque as operações de compra e venda de cotas e empresas, não acontecem todos os dias. Um outro fator que pode ajudar a formar o valor, é a comparação com ítens identicos ou similares já valorados e negociados anteriormente. Porém para as empresas, este fator pode não ajudar muito. Elas são essencialmente diferentes.
Sempre é bom ressaltar, que valor e preço são coisas distintas. O preço é a marcação monetária de uma mercadoria. É o ponto de encontro economico entre demanda e oferta, entre o comprador e o vendedor. É um indicador objetivo, definido pelas partes ou fruto de uma negociação maior ou menor, a depender das circunstâncias. O preço é afetado pela noção de valor, mas nem sempre é a mesma coisa. O valor guarda aspectos subjetivos inerentes à sua condição. Recebe influências das partes e do meio, e o preço é uma tentativa de objetivá-lo. Valorar e precificar são ações sequenciais. Primeiro, você atribui valor, depois obtém o preço.,
Uma das maneiras usuais de apurar o valor de uma empresa, é identificando a sua situação patrimonial. Isso pode ser feito, obtendo-se um balanço especial ou usando um recente. Deduzindo-se do valor contabilizado de todos os bens e direitos da empresa naquela data, o total de suas dívidas, chegamos ao patrimônio líquido, que também por definição, é o capital pertencente aos proprietários. Este procedimento é comumente utilizado para fornecer um valor de referência da empresa, e é bastante adequado no caso dela ser liquidada, mesmo que os ativos intangíveis não estejam devidamente considerados. Para um negócio que está findando, eles possuem pouca importância. No entanto, havendo continuidade do empreendimento, talvez possamos encontrar formas melhores de avaliá-lo. No caso de uma S/A, o valor poderia ser obtido multiplicando-se o preço da ação pela quantidade de ações existentes, mas para as limitadas, essa forma não seria possível pelo motivo óbvio das cotas não serem comercializadas em Bolsa, e por isso não possuírem uma precificação de mercado.
Em Finanças, uma empresa não vale pelo patrimônio que tem, mas sim pelo resultado que esse patrimônio gera. E de certa maneira, este resultado condensa o resultado de todos os ativos, sejam eles tangíveis e intangíveis. Deste modo, terrenos, prédios, maquinas, equipamentos, móveis, utensílios, ferramentas, estoques, pessoas, tecnologia, estratégias de marketing e vendas, reputação, fidelização de clientes, patentes, políticas de credito e cobrança, taxas de inadimplência, compras e armazenamento, processos e controles internos, práticas gerenciais e financiamentos, entre outros, contribuem para o resultado final do negócio, traduzido no volume de faturamento e na margem líquida que ele resulta.
Mais de 80% dos avaliadores de empresas, usam o método do fluxo de caixa descontado, para aferir o valor de um negócio. Este método, considera exatamente esta premissa para chegar na resposta que queremos. Logicamente, o avaliador precisará aprofundar-se nas particularidades de cada caso e proceder cálculos financeiros específicos. Pessoalmente, utilizo um procedimento com quatro etapas. Primeiro, devemos encontrar o fluxo de caixa liquido ou relevante da empresa. Ele indica o resultado o qual nos referimos até então. Depois, considerando a capacidade instalada, projetos de expansão e crescimento, ponderados por cenários externos, esse resultado apurado deve ser projetado para 10 a 13 anos na frente. Este horizonte de tempo se deve ao fato de que o valor atual, sofre menos influencia da taxa de desconto, a partir de períodos maiores, portanto impactando menos no resultado final do cálculo. O prazo também se justifica pelo fato de ser a empresa, um investimento de longo prazo. Depois, para obter a taxa de desconto, a fim de trazer a valor presente os resultados futuros, o avaliador deve encontrar o custo médio ponderado de capital do negócio. Ele será a taxa de desconto, pois representa o patamar mínimo de retorno desejável. Por fim, fazer o cálculo do valor atual líquido, para encontrar o valor da empresa.
Logicamente, no caso de uma compra e venda, o preço firmado entre as partes pode ser diferente do valor encontrado pelo avaliador, que serve como referência técnica que comunica o montante financeiro atual, que o negócio pode gerar nos anos futuros, sendo algo justo tanto para quem compra como para quem vende. Existem muitos casos, em que o valor encontrado difere bastante do valor patrimonial líquido da empresa e isto mede, de certa forma, o nível de eficiência dela em gerar resultados com os ativos que tem e os financiamentos que possui. Então, podemos deduzir que quando o valor calculado for maior que o valor patrimonial a preço de reposição, a empresa está obtendo boa rentabilidade de seus ativos, sendo eficiente em sua gestão financeira. No caso do valor calculado ser menor que o valor patrimonial, podemos deduzir que a empresa está sendo ineficiente em lidar com financiamentos e investimentos, obtendo rentabilidade insuficiente em suas operações.
Empresas são bons investimentos, mas precisam ser tratadas como tal.
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